Para médicos, psicólogos e demais profissionais da saúde, medida vai reduzir atendimento do SUS no estado de São Paulo
Por Suzana Vier
O governo do estado de São Paulo conseguiu aprovar, por 55 votos a
favor e 18 contra, o Projeto de Lei Complementar (PLC) 45/2010. O texto
destina 25% dos leitos de hospitais públicos de alta complexidade, além
de outros serviços hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS), a
pacientes particulares e de convênios médicos privados. O PLC foi à
votação na noite da terça-feira (21) e enfrentou a oposição dos
deputados do PT e do PSOL. Das galerias, servidores da saúde também
protestaram contra a medida.
Apesar de ter sido aprovada no final de 2009, o projeto foi vetado
pelo então governador José Serra (PSDB) após a repercussão negativa do
projeto entre entidades médicas e a ameaça de intervenção do Ministério
Público caso o plano fosse aprovado. No final de novembro, o governador
Alberto Goldman (PSDB), que substitui Serra desde abril, voltou a
apresentar o projeto em regime de urgência.
Na mensagem à Assembleia Legislativa de São Paulo, Goldman justificou
que a medida vai permitir a cobrança de serviços especializados de
saúde de planos privados. “Essa parcela (40% da população do estado) se
utiliza rotineiramente do atendimento das unidades estaduais
especializadas (…). Não é adequado que as unidades não possam realizar a
cobrança do plano que os pacientes têm”, justificou o governador.
Críticas
Para os deputados de oposição e representantes da área médica, na
prática a destinação de 25% dos leitos e serviços hospitares do SUS à
empresas de medicina privada vai significar a redução do atendimento nas
unidades públicas e criar duas filas para atendimento.
“Evidentemente que criará uma triagem para que haja mais leitos para o
sistema privado dentro do sistema que já é precário”, antevê Fausto
Figueira, presidente da Comissão de Saúde e Higiene da Alesp.
Figueira também descarta a ideia de que o projeto vai possibilitar a
cobrança dos planos de saúde por serviços do SUS. “Essa desculpa de
criar lei para conseguir cobrar dos planos o que é utilizado no serviço
público é uma falácia.
Já existe legislação estadual e federal para
isso”, aponta o parlamentar.
Para o presidente do Sindsaúde-SP, Benedito Augusto de Oliveira
(Benão), a medida é inviável porque não há como regulamentar a separação
de leitos do SUS, para pacientes do sistema público e de empresas
privadas.
“É impossível operacionalizar (essa proposta)”, aponta. “Leito não é
uma coisa estática. Cada dia, cada semana há um número à disposição”,
esclarece. “A pessoa está doente e você vai dizer a ela que ficou nos
26% e são só 25%. Isso é um crime. O contrário também em relação aos
75%”, elabora. Para o dirigente sindical, o governador de São Paulo
promove uma “antipolítica”.
De acordo com o PLC aprovado, a definição das unidades que poderão
ofertar serviços a pacientes particulares ou usuários de planos de saúde
privados e demais condições para operacionalização da medida serão
realizados pela Secretaria Estadual da Saúde.
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