Mais um absurdo cometido pela
atual gestão da Prefeitura Municipal de Salvador. Diante do ferrolho
orçamentário que vem passando, a Secretaria Municipal de Saúde toma esta incoerente
decisão. Questiono-me até sobre a legitimidade jurídica desta ação, porém nem
vou a tanto. Como deixar uma população que já vem sendo bastante desassistida no
quesito saúde sem o serviço por sete dias nos hospitais conveniados pela Prefeitura?
A doença dos pacientes pode esperar? Será que atualmente os já poucos Postos de
Saúde vão dar conta da enorme demanda? É lógico que não. Esta postura reflete o
caos em que vive a gestão municipal da cidade de Salvador, que para cortar
gastos não vai medir esforços, até mesmo se tiver que prejudicar seus (muito
pacientes por sinal, pois a conjuntura deveria já ser de revoltas populares com
inúmeros protestos) cidadãos soteropolitanos.
Não queremos com isso afirmar que
o sistema complementar privado no setor saúde deva ser fortalecido, pelo
contrário, continuaremos lutando por um sistema realmente único de saúde,
forte, universal e de qualidade, porém não podemos negar o importante papel que
a iniciativa privada hoje cumpre na assistência a saúde da população, afinal
mais de 50% dos gastos em saúde vão para o setor privado com o pagamento dos
convênios etc. Portanto, esta ação da prefeitura é bastante equivocada. Trará
sérios prejuízos para o já precário sistema de saúde municipal. O pior disso
tudo é que a população soteropolitana ainda sofrerá mais quase dois anos com
esta gestão desastrosa que a cada dia que passa vem tornando nossa linda
capital baiana numa cidade em que as pessoas já não tem tanto prazer em viver,
por não conseguir enxergar uma cidade que está crescendo e sim se deteriorando
de forma consciente, paulatina e irresponsável.
Rafael Damasceno
Diretor de Saúde - DCE UFBA
Segue reportagem.
Corte da Prefeitura orienta clínicas particulares a suspenderem atendimento pelo SUS sete dias por mês
Essa foi a forma que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) teria encontrado para compensar o corte no repasse de verbas
28.04.2011 | Atualizado em 28.04.2011 - 10:31
O
presidente da Associação de Hospitais da Bahia, Marcelo Britto,
esclareceu na manhã desta quinta-feira (28), em entrevista ao
Correio24horas, que a proposta de redução em 25% no atendimento pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) à população de Salvador, mensalmente,
partiu da Prefeitura. De acordo com Britto, essa foi a forma que a
Secretaria Municipal de Saúde (SMS) teria encontrado para compensar o
corte no repasse de verbas, que já seria realizado no início de maio,
relativo aos serviços prestados no mês de abril.
"Recebemos
um comunicado da Secretaria Municipal de Saúde de que, devido a um
rombo no orçamento para o setor, já a partir do mês de abril haverá um
corte de 25% dos serviços prestados por hospitais e clínicas
particulares que atendem pelo SUS em Salvador. A própria Secretaria
orientou a Associação a diminuir o atendimento aos usuários. Como o mês
de abril já está no final, a interrupção dos atendimentos só deverá
acontecer entre os dias 16 e 23 de maio, caso a decisão seja mantida",
informou Britto.
O
presidente da Associação de Hospitais ainda informou que a prefeitura
deixou o grupo livre para escolher como a diminuição do atendimento
aconteceria, e que, durante reunião na noite desta quarta-feira, o
modelo de parada semanal foi aprovado. Ainda de acordo com Britto, o
secretário não compareceu à reunião e
informou incompatibilidade de agenda.
Em
entrevista concedida à TV Bahia, o secretário Municipal de Saúde,
Gilberto José, esclareceu que "a Secretaria recebe R$ 24 milhões do
Governo Federal e gasta R$ 30 milhões. Então,
fechamos o mês com R$ 6,1 milhões de dívida. Precisamos recompor este
teto. Enquanto não conseguimos isto junto ao Governo Federal, teremos
que procurar alternativas para evitar este sangramento nos recursos
públicos”, afirmou. Na mesma entrevista, o secretário informou que o
atendimento à população não seria prejudicado.
Salvador
possui 433 clínicas particulares conveniadas à SMS e que atendem, em
média, 1,9 milhões de pessoas ao mês. Caso a paralização mensal seja
confirmada, durante o período, os usuários do SUS deverão dirijir-se
apenas aos postos municipais de saúde. A Associação de Hospitais da
Bahia teme que as unidades não tenham capacidade para atender toda a
população, o que provocaria uma desassistência no setor. O
Correio24horas tentou contato com o celular do secretário Gilberto José,
mas sem sucesso.
Fonte - Correio24horas
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